1 de maio de 2016

Pavlova de marshmallow... e uma recordação palaciana


Desde que conheço a pavlova, devo ter feito umas quatro vezes. Cada vez de faço acontecem-me sempre duas coisas; nunca ficam iguais e lembro-me sempre da minha avó Luísa.
Era uma avó emprestada, porque foi com quem o meu avô casou depois de ter falecido a minha avó de sangue. A avó Luísa era uma senhora do Cadaval. Vivia numa casa apalaçada, cor-de-rosa, que eu adorava. 
Quando vínhamos de férias dormíamos sempre lá algumas noites. Na chegada e no regresso era sempre. Era uma casa de dois andares (que ainda existe) e umas águas furtadas de um autêntico palacete. Havia a escadaria principal, que saía do hall de entrada e fazia curva em direcção ao corredor do primeiro andar e um escada de serviço, muito mais estreita que se situava ao fundo do corredor, no meio da casa, logo ao lado da cozinha. Era uma escada mais escura e ia até ao sótão, onde se situavam os quartos das criadas, todas "Maria", tivessem o nome que tivessem :-)
O quarto onde eu dormia com a minha irmã tinha uma cama de postes de ferro altíssima, mais de um metro, talvez. Lembro-me que ficava com os pés pendurados quando me sentava. Já tinha uns 14 anos, e não cresci muito mais depois disso. Por baixo da cama tinha um penico em esmalte de tons azul, quase da altura da cama. Nunca perguntámos nada, mas sempre supus que deveria ser um penico de senhor, hehe.
No piso de baixo tinha a cozinha, enooooorme, o sonho de qualquer uma de nós, com uma mesa de pedra mármore gigantesca no meio, a bancada em frente a uma janela, também enorme e imensos armários. Dava para o jardim. 
Nesse piso havia também o salão de almoço, o escritório algumas divisões e ao fundo umas escadinhas mini labirinticas. Subia-se, descia-se, uma gracinha e íamos dar a mais uns quartos. Um dos quartos, pasmem, só tinha periquitos. Haviam gaiolas enormes cheias de cores de passarinhos e vários bancos, com costas, almofadados com padrões floridos, Era uma sala idílica. Imensos passarinhos a cantar, o sol que entrava por entre os cortinados floridos que dava à sala um ambiente lindo e bucólico. Podíamos sentar ou deitar a ler naqueles bancos ao som daquela música de asas. Era o meu lugar preferido da casa. Ficava lá todo o tempo que podia, só a ouvir e a olhar... aquela sonhadora Cláudia!


Para lá da porta da cozinha havia um jardim imenso e mesmo ao lado da casa, uma escada estreita de pedra, que quase não era usada. Ia dar ao terraço situado no primeiro andar. Para subir tinha de afastar as folhas da hera que subia também pelas escadas. A porta de uma casa de banho era umas das divisões que  dava para esse terraço.
Para o fundo daquele jardim tão bem tratado pelo jardineiro, estava uma ponte de pedra que dava para a adega e cavalariças. Por baixo passava, e passa, uma estradinha de piso desigual, típico da época. Nessa ponte havia uma ameixoeira, (agora vou babar), de ameixas amarelas que eram autênticas gemas de ovo. Encarregávamos sempre o nosso primo Alexandre de as apanhar. É um primo muito alto e ninguém melhor que ele para subir o muro da ponte e atirar umas quantas para nós nos deliciarmos. Nem precisávamos lavar ;-)


Os jantares na casa dos meus avós eram sempre cheios de requinte. Bonitos pratos e talheres, toalhas bordadas, criada fardada a servir!  Tínhamos de estar direitinhos à mesa e comer com algum cuidado para não dar cabo do esquema :-)
Ninguém fazia aquela sobremesa como a minha avó... Ilha. É praticamente uma pavlova em estilo antigo. Claras batidas com açúcar que vão ao forno. Só não ficavam com tanta crosta, devido à falta da Maezena. A minha avó cobria com doce de ovos, feito com as gemas. Ai como era boa a ilha da minha avó Luísa! Nunca a esquecerei. Por isso me lembro dela quando faço pavlova. Lembro-me dos jantares onde nunca faltava a ilha, branquinha, tostada nos bicos das claras e coberta de doce de ovos...


Pavlova de marshmallow e frutos vermelhos

Ingredientes (pavlova)
6 claras de ovo a temperatura ambiente
1 pitada de sal
1 1/2 chávenas de açúcar
2 colheres de chá de amido de milho (farinha maizena)
1 colher de chá de vinagre branco

Ingredientes (cobertura)
140g de Fluff (marshmallow) aqui
100g de queijo creme
1/2 colher de chá de aroma de baunilha
1 punhado de amoras, mirtilos e groselhas
Coulis de morango (receita aqui)

Preparação (pavlova)
Para fazer uma pavlova é necessário uma batedeira potente e as claras obrigatoriamente a temperatura ambiente.
Pré aquecer o forno a 180º. Numa folha de papel vegetal desenhar um círculo de cerca de 16cm. Forrar um tabuleiro com esse papel vegetal. Reservar.
Bater as claras com o sal até endurecerem. Lentamente deitar o açúcar sem parar de bater, cerca de 10 minutos a velocidade alta, até o merengue ficar espesso e brilhante. Quando levantar as pás o meregue deverá estar espesso o suficiente para não cair das pás.
Acrescentar o amido de milho e o vinagre e bater até misturar.
Deitar colheradas de merengue no interior do círculo de papel vegetal. Levantar um pouco dos lados para formar uma pequena cratera no meio. 
Levar ao forno a 180º durante 5 minutos. Reduzir a tempertura para 130º e deixar por cerca de 1 hora.
Desligar e deixar a pavlova arrefecer completamente dentro do forno. Para que não sofra o choque do arrefecimento e não baixar.
Eu deixei de um dia para o outro dentro do forno.
No dia seguinte fazer a cobertura.
Misturar o marshmallow com o queijo creme e adicionar o aroma de baunilha.
Espalhar por cima da pavlova. Decorar com os frutos e terminar com o coulis de morango.
É deliciosa :-)
Bom domingo e aproveitem para mimar MUITO todas as mamãs.



marshmallow 
pavlova

Ingredients (Pavlova)
6 egg whites at room temperature
1 pinch of salt
1 1/2 cups of sugar
2 tea spoons of cornstarch
1 tea spoon of white vinegar

Ingredients (topping)
140g Fluff (marshmallow) here
100g cream cheese
1/2 teaspoon vanilla aroma 
1 handful of blackberries, blueberries and blackcurrants
strawberry coulis (recipe here)

Preparation (Pavlova)
To make a Pavlova you really need a powerful electric mixer and egg whites not to fresh.
Preheat oven to 180 degrees. In a baking paper draw a circle about 16cm. Line a baking tray with baking paper and reserv.
Whisk the egg whites with the salt until hardened. Slowly pour the sugar stirring constantly, about 10 minutes at high speed until the meringue become thick and glossy. When lifting the blades the meregue should be thick enough not to fall into the blades.
Add the cornstarch and vinegar and beat until blended.
Pour spoonfuls of meringue inside the circle of parchment paper. Gently lift the sides to form a small crater in the middle.
Bake at 180 degrees for 5 minutes and reduce oven temperture to 130 degrees and leave for approximately 1 hour.
Off the oven and leave the pavlova to cool completely in the oven. Not to suffer the cooling shock and do not download.
I left an overnight in the oven.
Make the topping
Mixing with the marshmallow cream cheese and add the vanilla flavor.
Spread over the pavlova. Garnish with berries and finish with strawberry coulis.
It's delicious :-)


  

Um bom domingo para todas as mamãs e um maravilhoso e docinho desfile pelo Dia Um...Na Cozinha.
;-)



22 comentários:

  1. Respostas
    1. Muito obrigada. Mãe merece sempre um docinho :-)
      Beijinhos
      Cláudia

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  2. Ficou linda, Cuca... e adorei ler sobre a tua avó palaceana. Beijinhos

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    1. Obrigada João. Ficou um bocadito desequilibrada, mas de sabor...soberba.
      Tenho saudades dessa minha avó, uma querida.
      Beijinho
      C

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  3. Está maravilhosa, a tua Pavlova! Que belas memórias, as dessa casa da tua adolescência...
    Beijinhos

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    1. Muito obrigada.
      Tenho pena de lá não poder entrar novamente. Costumo passar para apenas a olhar, mas só vejo de fora. Continua cor de rosa :-)
      Beijinhos
      C

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  4. Tive um final de tarde maravilhoso quando me deparei com esta receita com a sua historia , ri e fez me recuar no tempo tambem, obrigado por partilhares a historia e pavlova com sua receita Bjs

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    1. Muito obrigada Débora
      Ter estas histórias de família faz com que o nosso coração seja enorme :-)
      Beijinhos
      Cláudia

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  5. Que pavlova bonita e perfeitinha :P

    Ficou com um aspecto muito bonito!Parabéns!!

    De aprendiz a chef

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    1. Obrigada, aprendiz :-)
      Perfeitinha... mais ou menos (sou talvez demasiado exigente, não sei), mas boa era, com toda a certeza.
      Beijinhos
      C

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  6. Cláudia, a tua pavlova está uma verdadeira tentação, ou não fosse eu um apreciador nato de frutos vermelhos. Ficou linda e alta, coisa que nem empre é possível alcançar, pois essas meninas também têm os seus dias.
    Gostei da história da tua avó Luisa e acho que deverias reproduzir a tal ilha que deve ser uma tentação. :)
    Um beijinho.

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    1. Obrigada Célio :-)
      Pavlovas são dos meus doces preferidos. Nem sempre dão certo, é verdade, mas quando dão... ui, lá se vai a dieta. Como a minha avó dizia: "faz mal, mas pelo menos morro consolada", heheh.
      Um dia faço a ilha... ponho-vos todos a babar!
      Beijinho
      C

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  7. Ficou linda, linda Cláudia. Uma verdadeira tentação. :)
    Beijinhos

    http://bimbysaboresdavida.blogspot.pt/

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    1. Obrigada Tânia
      Pavlovas são sobremesas do "demo", começas a comer e não consegues parar ;-)
      Beijinhos
      C

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  8. Respostas
    1. Muito obrigada Susana
      Estas "visões" acabam com o bom senso do saudável, mas paciência, a boquinha gosta, não é? :-)
      Beijinhos
      C

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  9. Cláudia,

    Ao ler este teu post, recordei-me:será que és neta do Senhor Américo Faustino?A tua avó Luiza, será a Senhora D. Maria Luiza Siopa? Pela descrição que fazes da casa, acho que só pode ser a deles...Conheci tão bem esse casal.. Vivi muitos anos no Cadaval.
    Beijinho
    MS

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    1. Boa tarde
      Não sei de quem se trata, mas a verdade é que fiquei arrepiada ao ler as suas palavras.
      Sou mesmo neta do Sr Américo. E é da casa da avó Luísa que falo, sim.
      ADORAVA tanto aquela casa e depois que a avó faleceu nunca mais lá pude ir.
      Entristece-me tanto aquela ponte fechada com prédios no lugar das adegas. Aquelas janelas das águas furtadas sem vidros e com sacos a substitui-los, para não falar da salinha dos piriquitos, que já não existe de certeza!
      A vida dá muitas voltas e se a minha avó Luísa visse a casinha dela neste momento... fico tão triste :-(
      MS? Eu conheço???
      Cumprimentos e obrigada pela visita :-)
      Cláudia

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  10. Bem menina essa casa da avo luisa do cadaval e muito fixe a historia que contaste tb me fez lembrar a casa dos avos tb havia esses qcuartinhos surpreendentrs dasarias e penicos sonao havia pavlovas

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    1. São casas com história. De amores de outros tempos, de receitas diferentes das de hoje :-)
      Beijinhos
      C

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  11. Que belas memórias! Deves ter passado por lá uns tempos incríveis, uma casa assim é o sonho de todas as crianças :D E uma boa maneira de recuperar esses tempos é fazer pavlovas assim, tão lindas e a fazer lembrar a tal 'ilha' :)

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    1. Foram mesmo Avelã. Tenho muitas saudades da casa e dos meus avós.
      Ai as ameixas... eram tão amarelas, tão maduras, tão gema de ovo. Ficávamos sentados a meio da ponte a comer, depois do meu primo as apanhar e a deitar os caroços para a estradinha que passava por baixo :-)
      Beijinhos grandes e hei-de fazer a ilha... prometo ;-)
      C

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Obrigada por andarem por aqui. São sempre bem-vindos.

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