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1 de abril de 2014

Os esquecidos de Ribacôa no Dia Um... Na Cozinha




O Dia Um... Na Cozinha chega sempre de flecha. Passamos metade do mês à espera do que virá e a outra metade a puxar pela imaginação :-)
O tema deste mês é tão versátil e tão vasto, que temos todas as possibilidades de brilhar. 
Apesar do primeiro impacto ser sempre; "o que vou fazer!?", desta vez essa indecisão demorou muito pouco tempo. Bastou um telefonema para ter a receita de um doce típico da linda zona do meu sogro, Professor Dr. António Vermelho do Corral, um professor com uma experiência praticamente ímpar na realização de trabalhos de campo na vasta área das Ciências Antropológicas e Etnológicas, mas também da Sociologia Jurídica e Política.
Como já tive a oportunidade de provar estes biscoitos, aquando do lançamento dos seu último livro, ninguém melhor do que um Antrópologo para me indicar uma receita verdadeira da doçaria portuguesa.


Assim se chama a um dos principais doces que, por altura da Páscoa, se fazem na zona ribacudana, entre os rios Douro a norte, o rio Águeda e a ribeira de Toirões a leste e o rio Côa a oeste e sul, na Beira transmontana.
Outros tipos de doces que os acompanham são os «económicos» e os «biscoitos», tendo adquirido fama muito particular os «biscoitos de Escalhão», concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, distrito da Guarda.
Os esquecidos têm uma apresentação muito bonita, são tentadores à vista e dispõem de um sabor muito agradável.
Quem come o primeiro fica ansioso pelo segundo e, necessariamente, tem de apreciar o terceiro.
Podem acompanhar leite, café, ou café com leite, sumos, simplesmente ingeridos como sobremesa, ou, o que é mais tentador, como saborosa gulodice.
Tomaram o nome de «esquecidos» porque a massa exige que seja muito batida, continuadamente, e durante tanto tempo que a pessoa até «se esquece» do que a está a fazer. E os movimentos devem ser feitos sempre no mesmo sentido e pela mesma pessoa, para não alterar o ritmo do bater e, quando a massa fizer bolhas, é indicativo de que está no ponto.


Os «esquecidos» eram feitos quase intencionalmente para o Domingo de Páscoa, quando da visita do padre a casa de cada um dos paroquianos. Apresentava-se sobre a mesa da sala um pequeno prato contendo, entre outros, os tão célebres e quão afamados «esquecidos», para o pároco se servir. Como não aguentava comer em todas as casas, «beliscava» um bocadinho de um deles, ou pegava-o e, quando chegava à rua, oferecia-o a um dos raparigos que geralmente acompanhavam o «compasso» na expectativa de serem também presenteados ou pelo padre ou por alguém da casa.


Esquecidos

Ingredientes
200 gramas de açúcar
300 gramas de farinha branca de neve (antigamente com farinha de trigo moída no moinho)
50 gramas de manteiga (Vaqueiro)
2 colheres de sopa de azeite
3 gemas de ovo
1 ovo inteiro (há quem tire a galadura)
raspa de 1 limão ou laranja (usei limão)
1 colher de chá de fermento
1 gema de ovo para pincelar

Preparação
Bater, primeiramente, os ovos com o açúcar, a manteiga e o azeite.
Juntar a farinha, raspa de limão ou de laranja e 1 colher de chá de fermento.
Bater tudo junto até a massa estar no ponto. É aqui que entra o bater muito até se esquecerem do que estão a fazer :-)
Unta-se um tabuleiro de lata ou de alumínio com margarina, polvilha-se com farinha e fazem-se os bolos individualmente com uma colher de sopa, eu fiz pequeninos, cerca de uma colher de chá, colocados no tabuleiro separadamente, de maneira a que não toquem uns nos outros com o crescimento durante a cozedura.
Tempo de cozedura: é aqui que reside o segredo. Depende da temperatura do forno, mas cerca de 15/20 minutos (os meus demoraram 16 minutos).
A massa fica pegajosa, mas é mesmo assim, eles depois espalham-se. Pode-se ir tocando com os dedos em farinha para empurrar a massa da colher para o tabuleiro. 



 "Bom proveito com três «esquecidos» tomados ao lanche com uma bela chávena de chá."
E um bom Dia Um... Na cozinha, para todos :-)

nota: provados e aprovados pelo sogro. Yupi :-)


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